O Zoomtopia, evento anual do Zoom, consolidou-se como um verdadeiro termômetro para o futuro do trabalho. A edição de 17 de setembro trouxe o tema “Zoom para as Pessoas”, refletindo a nova estratégia da empresa baseada em empoderamento, conexão humana e inteligência artificial.
Ainda assim, a grande dúvida que permeava o encontro era: será que o Zoom conseguirá inovar na velocidade necessária para se manter essencial em um cenário onde muitos voltaram ao escritório, enquanto a corrida da IA domina o setor de tecnologia?
A seguir, destacamos as cinco principais questões levantadas durante o Zoomtopia 2025 — e como a empresa procurou respondê-las.
O grande “elefante na sala” da Zoomtopia foi a volta inegável de muitos empregadores ao modelo presencial. Enquanto instituições financeiras exigem ao menos três dias de trabalho no escritório e empresas de tecnologia reduzem silenciosamente as opções de home office, o pêndulo volta a se mover após o período de extremos do remoto total entre 2020 e 2022.
Essa mudança não elimina a necessidade de videoconferência, mas ameaça diretamente o ritmo de crescimento que o Zoom experimentou no início da pandemia.
A resposta da companhia? Reinventar o valor da reunião virtual. O CEO Eric Yuan destacou que o Zoom deixou de ser apenas uma ferramenta de comunicação para se tornar uma “plataforma de trabalho com IA”, com a ambição de transformar encontros online em algo mais produtivo do que reuniões presenciais. A ideia é unir vídeo, voz e automação em fluxos de trabalho capazes de converter simples interações em resultados concretos.
Entre as novidades estão a evolução do AI Companion, cada vez mais integrado ao fluxo diário, e até discussões sobre gêmeos digitais de usuários, ampliando a promessa de produtividade.
Mas permanece a dúvida: será que isso basta? Para profissionais que ainda encaram reuniões remotas como um “plano B” e para empresas convencidas de que a cultura corporativa só floresce no corredor do escritório, talvez a inovação do Zoom não consiga superar por completo a força gravitacional do presencial.
Se houve um tema que dominou o Zoomtopia 2025, foi — sem surpresa — a inteligência artificial. Durante sua palestra, o CEO Eric Yuan apresentou até mesmo um avatar próprio em IA, em tom descontraído, descrevendo-o como uma ferramenta capaz de “poupar incontáveis horas de tarefas repetitivas e cansativas”.
Mas por trás da demonstração divertida havia uma estratégia ambiciosa: o lançamento do AI Companion 3.0. A nova versão amplia suas funções para incluir anotações automáticas, resumos de reuniões, gerenciamento de tarefas e, no futuro, até a criação de gêmeos digitais.
A visão vai além do assistente tradicional: um gêmeo digital seria capaz de aprender preferências, contatos e fluxos de trabalho a ponto de gerenciar agendas, organizar viagens e até auxiliar na execução de projetos. Yuan fez questão de reforçar que os usuários sempre terão o controle final — mas a promessa é clara: um gerente de IA pessoal, diretamente dentro do Zoom.
Outros anúncios do Zoomtopia 2025 reforçaram o foco da empresa em inteligência artificial, com três prioridades bem definidas: aumentar a eficácia das reuniões, gerar valor para diferentes setores de negócios e consolidar o Zoom como uma plataforma orientada por IA.
O desafio, no entanto, está na diferenciação. A Microsoft colocou o Copilot no centro do Teams e do Windows; o Google continua a expandir a IA no Workspace e em sua plataforma de vídeo Beam; e até a Cisco já leva IA para o Webex.
A estratégia do Zoom é ousada, mas ainda paira a dúvida: será uma verdadeira reinvenção — ou apenas uma corrida para alcançar os concorrentes?
No Zoomtopia, a liderança da empresa condensou sua visão em três pilares estratégicos, alinhados à missão de “conectar pessoas ao progresso”:
Além desses pilares, a CMO Kimberly Storin anunciou iniciativas para ampliar a relevância da marca, como o “Zoom Solopreneur 50”, índice que destacará profissionais e microempresas que usam a plataforma para transformar ideias em negócios milionários. A aposta é clara: tornar o Zoom indispensável em qualquer escala, do autônomo às multinacionais.
Se a mensagem da Zoom sobre IA foca em inovação, a de parcerias é uma questão de sobrevivência estratégica. A empresa anunciou colaborações de peso com duas concorrentes diretas: Cisco e Google.
Com a Cisco, o acordo prevê um aplicativo certificado do Zoom nos dispositivos Cisco Room, reforçando o compromisso de ambas em manter um ecossistema aberto. Como destacou Jeetu Patel, presidente e diretor de produtos da Cisco: “Não podemos criar jardins murados… nossas tecnologias precisam funcionar juntas sem atrito”. Para empresas que já dependem de hardware da Cisco, a mudança significa menos barreiras e mais razões para manter o Zoom em seus fluxos de trabalho.
Já a parceria com o Google Beam promete elevar o padrão das reuniões virtuais. A plataforma de vídeo imersiva do Google, integrada diretamente ao Zoom, cria a sensação de que o interlocutor está fisicamente presente na sala — um avanço que rivaliza com experiências de realidade aumentada e mista, mas em escala corporativa.
Essas alianças revelam o pragmatismo da Zoom. A empresa entende que não conseguirá competir no controle de hardware ou infraestrutura de nuvem contra gigantes do setor. Em vez disso, aposta em integração e colaboração estratégica. Ao firmar parcerias, amplia seu alcance, evita ficar isolada e consolida sua imagem como a “Suíça” das comunicações corporativas — neutra, inter-operável e essencial.
O Zoomtopia 2025 apresentou um retrato otimista. Entre anúncios de recursos de IA, a promessa ousada dos gêmeos digitais, iniciativas filantrópicas voltadas à educação e parcerias estratégicas, o evento reforçou a ambição do Zoom de ser mais do que uma ferramenta de videoconferência — uma plataforma que potencializa a colaboração humana com inteligência artificial.
Ainda assim, persistem dúvidas. O movimento de retorno ao escritório, reduz parte do entusiasmo em torno do trabalho remoto. Se reuniões presenciais voltarem a ser a norma, o crescimento do Zoom pode atingir um limite natural.
A competição também é implacável. O Teams se beneficia da integração nativa ao Office 365, o Google Workspace se ancora no Gmail e nos Docs, e a Cisco domina o hardware corporativo. Todos avançam com IA na mesma velocidade — ou até mais — que o Zoom. Nesse cenário, há o risco de a empresa ser vista como mais um recurso, em vez de uma plataforma única. Até mesmo os gêmeos digitais, por mais intrigantes que sejam, concorrem com propostas semelhantes da OpenAI, Anthropic e gigantes da nuvem.
O Zoom está inovando? Sem dúvida. Diferenciando-se o bastante? Essa é a questão em aberto. Sua estratégia — simplicidade, foco no cliente e IA no centro — é clara, e parcerias de peso reforçam sua relevância. Mas o desafio é se manter indispensável em um mercado onde rivais oferecem ecossistemas mais completos.
No fim, o Zoom ainda demonstra vigor, mas o Zoomtopia 2025 deixou no ar a dúvida: inovação sozinha será suficiente para garantir seu lugar no futuro do trabalho?
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